sábado, 25 de março de 2023

Livro: "Correlações Espírito-Matéria" -  Autor: Jorge Andréa.


PERISPÍRITO OU PSICOSSOMA  

“Os Modelos Organizadores Biológicos (MOB) representam a consequência lógica na explicação das formas. Todos os seres alcançam uma determinada e precisa morfologia. Os animais constituídos de unidades semelhantes e afins, células e tecidos, alcançam as posições que lhes competem por obediência a específica modelagem de um campo-organizador que consigo carregam. Todo ser tem o seu próprio campo-orientador de energias especiais. Este campo não seria propriamente o Espírito ou zona do Inconsciente, mas uma região intermediária, o campo que coligaria os dois elementos matéria e espírito conhecido como PERISPÍRITO, termo criado, com muita propriedade, por Allan Kardec, embora esta zona já fosse conhecida de filósofos e pesquisadores, que lhe deram nomes variados (corpo astral, corpo fluídico, corpo aéreo, duplo, etc.). (...)

Conforme informação do autor espiritual André Luiz, o perispírito é "formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides (partículas muito pequenas), com a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresentando estudos morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta".

O perispírito é responsável pelo edifício físico de determinado ser, embora sob influência e orientação do Espírito que lhe dá exato direcionamento. O perispírito representa a tela refletora das energias do espírito e é por seu intermédio que a matéria (células e tecidos) se organiza buscando uma finalidade. Possui tal plasticidade que o desencarnado (Espírito com seu perispírito) às expensas de sua própria vontade e a depender da evolução em que se encontra, pode apresentar-se com aspectos diversos que correspondem as suas personalidades já vividas.

Os seres vivos, desde o simples protozoário ao homem, são o efeito de seus próprios campos perispirituais. Os mais avançados na evolução são os que já possuem qualidades mais específicas adquiridas nas múltiplas vivências, onde o perispírito, como campo de energias mais amadurecidas, apresenta-se como modelo-organizador mais rico de qualidades. Assim, no perispírito estaria uma espécie de prévio modelo impondo as suas potencialidades na matéria que, também, o sustenta pelo fornecimento (eles se retroalimentam) das experiências que aí se processam.

As células, tecidos e órgãos que de alguma forma podem apresentar-se independentes, com divergentes finalidades buscam, em seus respectivos labores, alcançar uma posição devida. A função de um organismo pertence a um conjunto e não as unidades que o compõem; as unidades celulares, em constantes transmutações, possuem tarefas específicas que se complementam a fim de atingirem uma meta; tudo às expensas de um campo modelador, o perispírito, à serviço do Espírito, onde pequena parte das suas qualidades são refletidas numa determinada jornada reencarnatória.

Claude Bernard, em sua época, já tinha percebido essas forças diretivas quando afirmou: "O que se diz essencialmente com o domínio da vida e não pertence à Química, nem à Física, nem ao que mais possamos imaginar, é a ideia diretriz dessa atuação vital. Em todo germe vivo há uma ideia dirigente, a manifestar-se e a desenvolver-se na sua organização. Depois, no curso de toda a sua vida, o ser permanece sob a influência dessa força criadora, até que morre quando ela não mais se pode efetivar. É sempre o mesmo princípio de conservação do ser, que lhe reconstitui as partes vivas, desorganizadas pelo exercício, por acidentes ou enfermidades". (Citado por G. Delanne em seu livro: A Evolução Anímica).

O perispírito é o orientador da organização física, cujas células e tecidos estão em constante renovação. As substâncias menores (grupos moleculares) de substituição nas células perenes (células nervosas), como, também, as células de renovação da organização física ocuparão suas exatas posições em obediência funcional, pela ação orientadora e sempre presente do perispírito.

O perispírito, por intermédio de suas linhas de força, estará como que implantado na matéria, pois, em última análise, a matéria traduz a condensação das energias perispirituais. O perispírito apesar de coligado à matéria sofre afrouxamentos nessas ligações, em estados especiais (transes) e mesmo durante o sono. O afrouxamento dessa imantação, com as células físicas, possibilitaria as conhecidas projeções (desdobramento, saída astral), traduzindo específicas percepções.

Carrega o perispírito, em sua estrutura, um componente de centros de força bem específicos, conhecidos como centros-vitais e descrito pelos antigos, através da teosofia, como chacras. Segundo informações espirituais, existem sete centros principais, salientando-se o centro-coronário, correspondendo ao alto da cabeça, como orientador dos demais, numa verdadeira cadeia de funcionalidade, influenciando as zonas físicas que lhes correspondem. Assim, segue-se o centro-cerebral (frontal), ao lado do coronário, o centro-laríngeo na altura do pescoço, o centro- cardíaco correspondendo a região do coração, o centro-esplênico na altura do baço, o centro-gástrico (solar) na região estomacal e o centro-genésico em correspondência aos órgãos sexuais. Todos esses centros, pelas suas características de impulsão, organização e direção de trabalho podem exteriorizar-se, contrair-se e expandir-se, a fim de absorverem ou emitirem energias com variada finalidade. A sua precípua função seria a de canalizar as energias do Espírito, após adaptação vibratória, nos campos materiais. Os campos da matéria que melhor se identificam com os centros de forças são os plexos nervosos do sistema neurovegetativo (parte do sistema nervoso responsável pelo controle das principais funções da vida vegetativa, involuntária como: circulação do sangue, digestão, respiração, etc), por onde as sugestões espirituais seriam feitas sem interferência da vontade consciente do sistema nervoso cérebro-espinhal. No perispírito existirão os registros de todas as experiências, atividades, sensações e emoções que se realizam no corpo físico; todos esses registros são transladados para a zona espiritual após as devidas e necessárias adaptações; isto porque, o perispírito não é o detentor definitivo das experiências (arquivo da memória), mas um campo intermediário, embora com estruturas específicas que o qualificam em estágio funcional mais avançado que a bioquímica de nosso corpo físico. Nessa conjuntura, quando do processo reencarnatório, o Espírito, com aspecto ovóide (Propriedade da Mutabilidade à O Perispírito no decorrer do processo evolutivo é suscetível de modificar-se com relação à sua estrutura e forma: reducionismo – miniaturização A Gênese, Cap. 14, item 10), por ter cedido a maioria do seu perispírito anterior às forças da natureza, fica envolvido por tênue camada do restante perispiritual e sustentado por capa vibratória bem definida o Corpo Mental, zona que o separa da região espiritual. À medida que desenvolvimento embrionário se vai observando, o novo perispírito também se vai ampliando, ou melhor, a zona física se vai avolumando pelo impulso do novo perispírito, em crescimento, com características inspiradas pelos vórtices energéticos da zona espiritual. O corpo ou personalidade será novo como, também, o perispírito que, por sua vez, foi impulsionado pelo campo mental.

Quando o Espírito se apresenta sem o corpo físico, portanto desencarnado, o perispírito, com seu campo eletromagnético, continua mostrando-se com o formato do corpo físico que impulsionava, porém com modificações funcionais ligadas, principalmente, ao campo dos aparelhos digestivo e genésico, e em graus de variabilidade dependentes da posição evolutiva do ser. O campo do sexo quando ativado e trabalhado, na romagem reencarnatória, em potenciais construtivos (energias criadoras), possibilita condições de ampliação evolutiva , cujos reflexos se fazem sentir na fase desencarnatória que se segue.

O perispírito pode e deve ser considerado como uma organização fluídica, onde as estruturas físicas (corpo físico) se modelam em suas malhas por estarem submetidas sob sua direta influência, em mecanismos de contratilidade e expansibilidade. Os seus campos energéticos podem ser mais ou menos densos, na dependência da posição evolutiva em que se encontra determinado Espírito. Nos Espíritos mais atrasados o perispírito é bastante denso e, como tal, bem aderente aos campos materiais; nos Espíritos mais evoluídos apresenta-se tênue e rarefeito, com possibilidade de mais fácil desligamento do campo material que influencia. Esta última qualidade pode propiciar ao encarnado maiores expressões de inteligência e mesmo apresentar, de modo mais ostensivo, a fenomenologia paranormal. Dessa forma, conclui-se que o perispírito possui "organizações análogas" ao corpo físico, porém muito mais expressivas e avançadas.” 

               Livro: "Forças Sexuais da Alma" - Autor: Jorge Andrea.

                      

“Nos dias de hoje, as explicações mais acessíveis sobre o destino humano recaem no espiritualismo, pela incapacidade que o setor materialista apresenta de uma resposta lógica ou, pelo menos, algo que satisfaça o pensamento inquieto do mundo moderno.

O destino humano fica, assim, atado ao problema sobrevivência, onde a energética espiritual imortal, de período em período, variável com a evolução de cada ser, retorna ao mundo corpóreo, arcabouço ideal à evolução da individualidade.

Sem esse pensamento ficamos em campo reduzidíssimo e sem explicações para os problemas que estão reclamando uma resposta. A individualidade açambarcaria uma totalidade, seria o ser integral construído através de imensas vivências nos campos físicos (personalidades) que ocupa. A energética espiritual, individualidade ou Espírito, pelo mecanismo palingenético (reencarnação), será responsável pela formação de todo o arcabouço corpóreo que lhe atenderá um respectivo período.

(...) as expressões sexuais serão as mais significativas da esfera vital do ser quando ligadas, pela nobreza e qualificativos, à esfera das emoções mais puras. O sexo em seus diversos graus e matizes está ligado aos sentimentos nobres da alma, embora em suas realizações, no terreno físico, à zona consciente. A glândula pineal seria o campo medianeiro de todo esse mecanismo. O vórtice espiritual das energias sexuais em suas manifestações no corpo físico, nos animais superiores até o homem, necessitariam da glândula pineal como uma zona adaptatória ou de filtragem.

A glândula pineal deve ser considerada a glândula da vida psíquica; a glândula que ilumina toda a cadeia orgânica, (...)

Seria por intermédio dessa glândula que os fatores propulsores da evolução espiritual (renúncia, uso equilibrado do sexo, tolerância, bondade, abnegação e disciplina emotiva por excelência) alcançariam índices bastante apreciáveis. A glândula pineal seria a tela medianeira onde o Espírito encontraria os meios de aquisição dos seus íntimos valores, por um lado, e, pelo outro, forneceria as condições para o crescimento mental do homem, num verdadeiro ciclo aberto, inesgotável de possibilidades e potencialidades.

O sexo estaria ligado às mais nobres funções de sentimentalidade, havendo verdadeira entrosagem em todos os planos da vida, onde o próprio prazer do ato sexual deve representar, quando bem dirigido, poderosa construção para o EU, tanto maior quanto mais visado for o ato procriativo. Não se pode deixar de afirmar, com razão, que a evolução espiritual estará também ligada à utilização equilibrada do sexo. Quando o prazer se rebaixa e é desarmonicamente dirigido, o sexo regride, desenvolve-se naquilo que é exclusivamente animalidade e degrada-se. Daí, a necessidade de educação e conduta bem orientada para não haver confusões (tão comuns pelas nossas heranças religiosas) e para não considerarmos imoral tudo o que diz respeito ao sexo. Atentemos, também, que o sexo ainda não é moral devido a nossa evolução. Devemos aprender a andar corretamente em seguras direções. Ninguém nasce de Espírito evoluído caminhando, sem tropeços, na estrada estreita e correta da evolução. Os erros são muitas vezes necessários, porém que sejam corrigidos imediatamente. Até a queda, que vai além do erro, é admissível quando se cai "para frente" e se deseja levantar ganhando sempre algum terreno e o aprendizado da lição.

Não estamos defendendo erros e consequências das baixezas instintivas, mas, sim, admitindo experiências no setor humano. O sexo bem dirigido (tendência à monogamia ou castidade construtiva) é sinônimo de ascensão, de conquista evolutiva. O sexo mal dirigido (tendência à poligamia ou renúncia sem sentido, sem aplicação das energias acumuladas nos setores de construtivas atividades) é desarmonia e motivo de queda. Não é a renúncia e ausência de sexo físico que eleva. O sexo deve ser observado e equilibradamente utilizado nas fases da vida: mocidade, maturação e velhice. Mesmo quando não há mais necessidade do contato sexual (da complementação física), o sexo continua presente, desenvolvendo funções mais altas e com maior significado — a fase física foi suplantada. A castidade quando alcançada deverá ser sempre observada sem tormentos, em qualquer fase da vida. Quando na organização física suplantamos todas as fases do sexo, em suas harmoniosas vivências, atingiremos, na posição espiritual, degraus mais significativos, para nós desconhecidos, de uma fase supersexual.

Nessa fase superior de emoções mais nobres, caracterizando uma supersexualidade, as correntes energéticas ligadas aos ajustados implementos sentimentais do Espírito expandiriam-se em paroxismos (ponto mais elevado) desconhecidos aos sentidos animais ainda rudes; e o ser, mais bem fixado, compreenderá que na fase animal não podemos nem devemos correr o risco de impor uma "castidade sem sentido", onde os tormentos da mente estarão sempre presentes. Castidade nem sempre é ausência; castidade é ordem, é harmonia mental, é função sexual equilibrante com mente sadia e troca de vitalidade entre dois seres que se amam, com ajuda dos órgãos sexuais ou sem eles; neste último caso, utilizando as "mensagens do Espírito" na ajuda real ao próximo e no dever cumprido de integral realização.

Na espécie humana, quando a conjuntura sexual se desenvolve normalmente através dos órgãos sexuais, o departamento cerebral é o comandante imediato e a glândula pineal será o órgão, por excelência, de controle e direção. Desse modo, a zona consciente será o local das correspondências sexuais e, como tal, a zona dos tormentos e ansiedades quando nos encontramos em veredas incertas e desarmonizadas; portanto, não há tormentos dos órgãos sexuais e sim mentes atormentadas pelo descontrole vibratório do sexo mal dirigido. No trabalho mental bem conduzido, ocupação inteligente pelas tarefas positivas que neutralizam os momentos vibratórios negativos, está o corretivo para o Espírito necessitado. O Espírito encarnado encontraria no corpo físico, pelo esquecimento das vidas pregressas, a possibilidade de formação de novas tendências, verdadeiros reflexos condicionados que, em se transformando em reflexos incondicionados ou do Espírito, neutralizarão e apagarão os erros que, quando persistentes, constituirão fatores de retardo evolutivo.

Sexo é vida, é evolução, quando as emoções pulsam nas asas do bem comum. Sexo é luta, tormento, desequilíbrio, atraso evolutivo, quando abastardamos os sentimentos na satisfação sexual temporária animal, que não acompanha o sentido maior da vida, onde estão sempre presentes os implementos da sinceridade e trocas de afetividades.

Pela morte do corpo, carrega o Espírito, no seu estofo (íntimo), toda a desarmonia que provocou e, em nova reencarnação, levará na mente atribulada as tendências desequilibrantes, que somente o esforço, disciplina e bom senso podem encarregar-se do equilíbrio reconstrutivo.

Daí a necessidade de impor-se, nas mentes em desalinho de ordem sexual, a disciplina corretiva para que as células sexuais, células de maior teor de vitalidade do organismo, não sejam utilizadas indevidamente (contatos sexuais sem justas razões afetivas ou renúncia sexual sem as necessárias condições); isto é, para que não haja dispersão da "seiva energética". (...)

Na castidade construtiva o ser haure condições e forças que logicamente reduzem as etapas reencarnatórias, pelo afastamento imediato dos compromissos ligados ao outro ser, nas imensas e quase sempre necessárias trocas de energia. Porém, nem todos se encontram em condições de efetuar a expressiva função magnética, à custa das energias vibracionais das emoções (sede da vida), realizando a felicidade tão-somente na permuta dos abraços, beijos e contatos leves de corpos, nos cumprimentos efusivos e nas criações inspirativas de toda natureza. Somente um pequeno número de indivíduos estará capacitado a realizações desse jaez, pois a maioria tem que responder pelo grau evolutivo da terra, onde a procriação só se dará através da união dos corpos físicos.                                                                                                             Consequentemente, o sexo, a função sexual, no estágio em que se expresse, é sempre construtiva quando em equilibrado uso. O abuso afrouxa os centros de força do psicossoma (chacras) pelos desajustes energéticos, deixando uma verdadeira opacidade na vontade e outros setores emocionais, revelados pelos distúrbios do sistema nervoso neurovegetativo, não permitindo aquela claridade e harmonia, sempre presentes num Espírito lúcido que avança no caminho positivo da evolução.

 Livro: "Reencarnação em Foco."

Autor: Alberto de Souza Rocha.

Esquecimento: Como Explicá-lo?

Certo que ao reencarnarmos não guardamos na memória, de ordinário, os fatos que se desenrolaram nas existências precedentes. Eventos em contrário constituem exceção à regra geral (...). Podemos, sim, reconhecer em cada um de nós tendências, qualidades, aptidões inatas, que escapem às expectativas, também fobias, idiossincrasias (comportamentos; características distintas dos demais). Muitos guardamos uma vaga intuição de coisas distantes, como que um eco longínquo a indicar um passado envolto em densa penumbra. Por vezes trazido no veladouro dos sonhos retrocognitivos (relativo a fatos passados).

Tentemos questionar o problema do esquecimento: além das razões biológicas, pois trazemos em nosso cérebro o que diríamos aquela “fita virgem” onde serão gravados os elementos constituintes da nova personalidade, há profundas razões de fundamento filosófico, de raiz psíquica, a partir do conceito providencial da própria autodefesa do novo ser. Em que pesem os fenômenos de memória extracerebral, de regressão de memória (experimental ou também empregada como recurso terapêutico), de reconhecimento, por algumas pessoas, de suas personalidades pretéritas, do chamado "déjà-vu", de casos semelhantes, registrados nos anais das ciências psíquicas, o comum de nós todos não sabe quem teria sido senão inferindo-o através das tendências, das vocações, dos vícios e virtudes, das provas e/ou expiações que experimentamos, da bagagem de conhecimentos alicerçados com que já amanhecemos para a vida. Dissemos autodefesa...Para isso, vamos procurar amparo na Psicanálise. Fala-se muito em "ato falho", toda vez em que nos escapa o que desejaríamos guardar. Traições do Inconsciente... E, quanto aos lapsos de memória, os esquecimentos, involuntários, dizemos sempre, concluem os psicanalistas que o Inconsciente esquece aquilo que o desagrada.                                                                                                                 O Inconsciente manobra, ardiloso, inteligente, o mecanismo das lembranças... Esse Inconsciente é o Espírito! Ele se resguarda então de recordar uma vida anterior ao ponto de que não interfira sobre os novos valores da existência em curso. Sábia determinação.

Ø    Assim argumenta Léon Denis em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", 2ª Parte, Cap. 13:

"O esquecimento é necessário durante a vida material. O conhecimento antecipado dos males e das catástrofes que nos esperam paralisariam os nossos esforços, sustariam a nossa marcha para a frente".

Ø    A "Revue Spirite" (1863) aborda o pensamento de um correspondente segundo o qual o esquecimento tiraria aos males da vida o caráter de expiação. A Revista começa por declarar:

"É um erro. A lembrança completa dessas faltas teriam inconvenientes extremamente graves por isso que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo, trariam até mesmo perturbações nas relações sociais e travaria o nosso livre-arbítrio.

Esse esquecimento não é absoluto. Só se dá na vida exterior, de relação, no interesse da Humanidade. Tanto na erraticidade como nos momentos de emancipação o Espírito se lembra e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve e do que não deve fazer. Se não a escuta a culpa é então sua. Suas tendências más lhe ensinaram o que resta de imperfeito a corrigir.                                                                                                                                                      Nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar os erros do passado".

Ø    Esse conceito é conforme com o que se lê em “A Gênese", Cap. XI, item 22.

"Não há solução de continuidade na vida espiritual, apesar do esquecimento. O Espírito é sempre ele, antes, durante e após a encarnação. Esta é apenas uma fase especial de sua existência. Durante o sono o Espírito, emancipado, conserva as lembranças. E que sua vista espiritual não está empanada pela matéria".

Ø     Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Cap V, item 11, Allan Kardec volta ao assunto e é bem claro:

(...) “Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. (...)

Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação, mas na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.” (...)

Ø    No capítulo “Esquecimento das Vidas Passadas”, dessa obra “Reencarnação em Foco”, Alberto de Souza Rocha, comenta:

 “Ao afirmar que o Espírito recobra a lembrança ao retornar à condição da lucidez, na vida espírita, certamente o mestre lionês generaliza. E preciso esclarecer que o despertamento também aí não se faz como se das sombras da carne o Espírito entrasse de imediato ao luzeiro das verdades, revelando-se-lhe como se sabe a última existência, como num filme cinematográfico, enquanto só gradualmente, no interesse do aprendizado, irá descortinando novos horizontes. Recobra, sim, as lembranças, mas ainda assim não será sem os resguardos necessários ao equilíbrio de suas forças.”

Ø    Há mesmo uma citação de André Luiz, no livro "Sexo e Destino", em que ele nos fala de "espessa amnésia quanto ao passado remoto". Seria até mesmo por isso que muitos Espíritos não fazem menção às próprias vidas anteriores, enquanto outros o fazem com tamanha justeza de esclarecimentos e de razões. Também em "Missionários da Luz", no Cap. 15, se fala em tratamento prodigalizado para o olvido temporário, prevenindo angústias emotivas: "somos favorecidos" - é esse bem o termo "com o tratamento magnético que opera em nós o esquecimento passageiro".

Ø    As razões do esquecimento estão consignadas também nas questões 392, 395, 397, 398 e 399, de “O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Certo q


Livro: "Enfoques Científicos na Doutrina Espírita".

Autor: Jorge Andréa.

Reflexões sobre o Campo Organizador da Forma e o Véu Perispiritual. 

(...) “Os estudos que a Codificação Kardequiana vem mostrando, há mais de um século, têm despertado muito interesse por parte dos pesquisadores.                                          Aos mais bem informados, as razões de orientação e finalidade das organizações celulares estariam no Perispírito, a zona intermediária entre o Espírito e a Matéria, próprio dos seres vivos. (...)

O "campo organizador" de determinado ser, com o tempo se vai ampliando e afirmando pelas experiências da vida. Apesar de suas constantes renovações, diante das etapas palingenéticas, este campo estará sempre presente e atuante pelas suas características de imortalidade. O Livro dos Médiuns item: 54 à (...) “O perispírito não constitui uma dessas hipóteses de que a ciência costuma valer-se, para a explicação de um fato. Sua existência não foi apenas revelada pelos Espíritos, resulta de observações, como teremos ocasião de demonstrar. Por ora e por nos não anteciparmos, no tocante aos fatos que havemos de relatar, limitar-nos-emos a dizer que, quer durante a sua união com o corpo, quer depois de separar-se deste, a alma nunca está desligada do seu perispírito.

Item 55 à (...) “qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na hierarquia espiritual.”

O perispírito, hoje aceito pela maioria dos pesquisadores da paranormalidade como sendo o "campo organizador da forma", tem mostrado a sua presença através da difusão energética de suas irradiações, invisíveis aos processos comuns de verificação. (...)

Porque representa o "Campo Organizador da Forma", não quer isto dizer que o perispírito seja o ponto inicial dos impulsos espirituais, ou mesmo a zona onde ficariam sediados esses mecanismos. O ponto de partida, as causas, encontram-se em zonas dimensionais mais avançadas na intimidade do Espírito                                                                                                                                                      O perispírito, representando a capa externa do Espírito, serviria de filtro e tela de suas manifestações. Apesar de apresentar intenso dinamismo psíquico, superior ao da zona consciente ou zona física, dirige os campos celulares físicos por influência do próprio Espírito donde é dependente (o perispírito é responsável pelo edifício físico de determinado ser, embora sob influência e orientação do Espírito que lhe dá exato direcionamento.)

O perispírito é zona que sofre modificações intensas nos processos reencarnatórios, passando por condições de miniaturização e mesmo perda de algumas energias, pois, ao se acercar do ovo para impulsionar a sua morfogênese (desenvolvimento das formas e da estrutura de uma espécie a partir do embrião), estará elaborando uma nova estruturação que responderá por um novo corpo físico. Se, no perispírito (corpo espiritual), estivessem sediados todos os arquivos do ser, é claro que as intensas transformações do mecanismo reencarnatório afetariam a estruturação de imortalidade. Dessa forma, as aptidões que são absorvidas nas experienciações que o ser passa diante das diversas etapas reencarnatórias, estariam nas zonas definitivas (corpo mental) do Espírito e refletidas no perispírito, zona dimensionalmente mais densa que a primeira e por isso, mais apropriada às correlações com a matéria. Destarte (assim), a matéria recebe o que necessita do impulso espiritual pelas telas perispirituais; estas, embora apresentando um campo avançado de trabalho, não são a sede das energias criativas da vida. (...)

A vida, em si mesmo, só poderá ser considerada pela constante renovação, que favorece, consequentemente, a ampliação dos diversos setores pelas experiências vividas. O homem, expressão máxima do planeta, nada mais é do que o resultado de milênios e milênios de experiências acumuladas, que alcançaram uma Individualidade ou EU, preparada e forjada na escala dos seres. Entendamos bem: o homem não foi tal ou qual animal; mas, um princípio inteligente resultante de uma "afirmação divina" que, à medida que ia maturando em experiências, conseguia expressar-se num degrau sempre mais categorizado, refletindo nas formas físicas adequadas o valor evolutivo que apresentava seu dinamismo espiritual. O homem não foi o primata: este, possuindo um EU, foi alcançando determinado grau evolutivo após milênios de experiências e a devida, maturação nesta posição pelas constantes repetições (palingênese); em dado momento despertou, pelas mutações no jogo dos cromossomos celulares, a melhoria das formas físicas, com arcabouço nervoso mais categorizado, alcançando posição que lhe abria os horizontes do instinto, transformando-o em razão por um ajustado e harmônico processo de conscientização, característico do reino hominal. O princípio inteligente, até alcançar o reino hominal, foi o resultado do acúmulo de experiências incontáveis, na escala dos seres vivos, orientadas pelo impulso evolutivo que consigo carrega. O princípio que comanda e impulsiona a vida se foi ampliando nas experiências quando de sua passagem nas diversas organizações dos Reinos da Natureza: nos minerais, regulando as forças de atração e coesão; nos vegetais, ampliando a sensibilidade celular; nos animais, afirmando os instintos; no homem, apresentando a nova grande conquista refletida no processo de conscientização. Dessa forma, caminhará o Espírito, lastreando-se nas experiências infindas, "varando a imortalidade, com a sua imortalidade", e sempre buscando novas formas de consciência.” (...)


Ø  Allan Kardec, comentando a questão 613 (nota de A. Kardec, 4º §) de O Livro dos Espíritos, diz: "Segundo uns, o Espírito não chega ao período humano senão depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres inferiores da Criação. Segundo outros, o Espirito do homem teria pertencido sempre a raça humana, sem passar pela fieira animal.(...)

Ø  Em 1868, no livro A Gênese, Cap. XI, item 23, onze anos depois, Kardec escreve: (...)Conforme a opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza, se elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Seria, por assim dizer, seu período de incubação. Chegando ao grau de desenvolvimento que essa fase comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual, como há corporal.

Esse sistema, baseado sobre a grande lei de unidade que preside a Criação, corresponde, é preciso convir, à justiça e à bondade do Criador. Dá uma saída, um alvo, um destino aos animais, que não seriam mais seres deserdados, mas encontrariam no futuro que lhes está reservado uma compensação a seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é sua origem, mas os atributos especiais dos quais está dotado quando entra na humanidade; atributos que o transformam e fazem dele um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga de onde saiu. Por ter passado pela fileira da animalidade, o homem não seria menos homem; (...)

Mas esse sistema levanta numerosas questões, cujos prós e contras, não é oportuno discutir aqui nem examinar as diferentes hipóteses feitas sobre esse assunto. Sem, procurar a origem da alma, e as etapas pelas quais tenha passado, vamos considerá-la ao entrar na humanidade, ponto em que está dotada do senso moral e do livre arbítrio e começa a exercer responsabilidade de seus atos.”

Ø  Revista Espírita – Janeiro 1864 (Perguntas e Problemas): (...) “Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações da alma; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Apenas sabemos que são criadas simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem

depois da segunda encarnação que a alma tem consciência bastante clara de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima.” (...)

 

 

 

                                

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Livro: "Leis Morais e Saúde Mental".

Autor: Sergio Luís da Silva Lopes.

Cap. 4 – Lei de Reprodução e Saúde Mental (extrato)

Famílias.

(...) “As famílias não se formam ao acaso, são organizadas no plano espiritual. Parte da família espiritual não reencarna, ficando sempre espíritos familiares que permanecem na dimensão imaterial.

A espiritualidade orienta que a experiência da paternidade e da maternidade é das mais valiosas para a evolução, desde que aproveitadas de forma satisfatória.                                                                                                      

É na família que se consolidam e se ampliam os laços do amor, laços esses que já começaram noutras existências. Fortalecem-se simpatias, afinam-se sentimentos.

è   “O Livro dos Espíritos” – Questão 696.

Ao contrário do que muitos imaginam, os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.

Por que então tantas dificuldades de relacionamento dentro da família?

Acredito que esses contratempos tão comuns na rotina das famílias se devem predominantemente por nossa imaturidade evolutiva. Não nos desentendemos tanto por sermos desafetos do passado e sim porque não temos evolução. A verdade é que brigamos com os afins.

É verdade que na família nascem antigos desafetos, com a finalidade de reajustamento, mas as dificuldades que surgem na convivência se devem muito mais pela falta de evolução de cada um. Quanto mais evoluímos espiritual e afetivamente, menos nos atritamos. Quanto mais evoluído o ser, mais ele simpatiza com o seu semelhante.

Uma relação é um projeto que pode ou não dar certo. Mas, para que dê certo é preciso um investimento permanente, com abertura para mudanças e adaptações necessárias ao crescimento de ambos.

Jesus, o Grande Educador da humanidade, propõe a possibilidade do AMOR nas relações.

Pais e filhos são espíritos que caminham juntos na valiosa oportunidade da família, onde a função procriadora do homem e da mulher imita a Deus, quando geram a existência de seus filhos.

A evangelização é o passo seguinte. Responsabilidade dos pais para com os filhos, que, por sua vez, se tornarão recíprocos um dia, se não com seus pais diretamente, com certeza através de seus futuros filhos, na progressiva caminhada evolutiva em direção a um mundo melhor.” (...)

 

Cap. 4 – Lei de Reprodução  (extrato) 

(...) “Na relação de casal, uma dificuldade que se mostra constante é manter-se a qualidade de um vínculo afetivo. A paixão inicial, típica do enamoramento, normalmente tende a diminuir depois de algum tempo de vida em comum. Isso faz com que o casamento seja visto como algo negativo às vezes. A questão não é o casamento em si, mas a maturidade evolutiva das pessoas que casam.

Sabe-se que tanto a nível emocional, quanto espiritual, o ser humano estagia em uma etapa de aprendizado e faz parte desse processo, aprender a conviver com o outro.

Sob o ponto de vista espiritual, grande parte das relações afetivas (não todas) são reencontros de antigas reencarnações.

A Doutrina Espírita nos indica que um grande contingente de casamentos são reencontros de almas desajustadas do passado, muitas delas carregadas de mágoas e ressentimentos, portanto com muita facilidade para antigos sentimentos ainda guardados nos arquivos do espírito. Rancores são reeditados a partir de vivências vinculadas a tensões que não encontram solução satisfatória, culminando em acusações e violência.

Sob o ponto de vista emocional, esse reencontro se dá, em grande número de vezes, com os casais completamente despreparados para uma relação saudável. É incontestável que não basta apenas o sentimento para que uma relação seja satisfatória. Faz-se imprescindível que alguns cuidados com a relação sejam levados em conta.

Há um mito de que duas pessoas ao se casarem devem deixar de ser duas e passarem a ser uma só. Na verdade, elas devem continuar sendo duas. Duas individualidades, caminhando na mesma direção, voltadas para os mesmos objetivos fundamentais de uma relação afetiva. Mas, cada um mantendo suas características e preferências. Para alcançarmos o potencial de realizações como seres humanos, precisamos ser capazes de equilibrar nossas necessidades de união e intimidade, onde a vida é compartilhada, com períodos em que precisamos nos voltar para dentro, com espaço para nós próprios e para crescer e evoluir como indivíduos. (...)

É através de um relacionamento a dois que se realiza a "Lei de Reprodução".

No plano emocional a relação afetiva cresce através da troca de sentimentos, e da capacidade de dar e receber. Casais que não exercitam essas duas capacidades geralmente se desajustam. Há casais - e diríamos que constituem a grande maioria - em que ambos só querem receber, e acaba faltando quem dê. E há também os que estabelecem relações onde só um dá e o outro só recebe. O resultado normalmente é o de uma relação insatisfatória e de dependência infantil.

Uma relação satisfatória pressupõe que o homem e a mulher sejam capazes de crescer juntos na sua tarefa espiritual evolutiva. Para que esse crescimento se dê da forma prevista, a "Lei de Reprodução" o utiliza para perpetuar a espécie, através do nascimento de filhos, alcançando o nobre objetivo da formação da família.

É sinal de crescimento emocional quando o casal consegue ampliar sua relação afetiva de forma que surja o espaço para os filhos.

Há casais que não conseguem abrir esse espaço, e vivem numa simbiose (trocas) absoluta, dedicando-se apenas um para o outro. Trata-se apenas de um vínculo a dois, onde as atenções não podem sair do circuito da relação.

Outros casais que vivem nessa condição, embora sem consciência dela, acabam tendo filhos e isso faz com que a relação afetiva não sobreviva após o nascimento do bebê.

Aquela relação que era só para os dois agora pede a atenção a um terceiro. Isso talvez explique porque 40% das crianças passem pela experiência de terem os pais separados antes de terem completado seus 15 anos de idade. E também porque está aumentando o número de separações conjugais em casais que têm filhos entre um e três anos de idade. (...)

A renúncia consciente de determinadas necessidades em prol dos filhos é atitude saudável necessária, para que eles possam se desenvolver. A vida moderna sugere que as pessoas têm o direito de procurar a própria felicidade custe o que custar. Só que isso tem custado caro para as crianças, tem custado o seu abandono. Invariavelmente percebe-se a ausência de suporte afetivo dos pais para o desenvolvimento emocional dos filhos.

No Cap. XIV, item 8, no 2º §, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec, lemos:

“Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.” (...)

 Livro: "Novos Rumos à Medicina" - Vol. 1.

Autor: Dr. Inácio Ferreira - FEESP.

Psicoterapia

(...) “Nós não morremos — o corpo é matéria putrescível – O Espírito, porém, não morre e continua sobrevivendo por centenas, por milhares de anos, eternamente, levando consigo o que sempre foi seu apanágio (característica; atributo) — os sentimentos.

Morta a matéria, que se putrefaz e se transforma, continua o Espírito sobrevivendo, imbuído dos mesmos sentimentos e dos mesmos vícios.

Após estágios que variam, para cada um, no mundo espiritual, ele  reencarna, isto é, toma novo corpo material.

Enclausurado nesse corpo, revestido por essa matéria pesada, o Espírito não tem recordações da sua existência passada, mas conserva, em estado latente, os seus vícios e os seus sentimentos.

O corpo material pode ser atacado por determinadas doenças que o enfraquecem e, nesse caso, o Espírito torna-se cada vez mais livre, liberdade essa proporcional ao enfraquecimento do corpo; quando tal acontece, lembra-se dos seus costumes, das suas manias e dos seus gestos.

À personalidade se ligam as credenciais terrenas; apresentando-se de conformidade com os diversos graus impostos pela sociedade e pelo próprio julgamento dos homens.

Vê-se a pessoa e dá-se-lhe valor pelo que ela exterioriza, mas temem-na pelo que não revela.

"Confie, desconfiando sempre."

Profunda significação encerram essas palavras. Sim, pois elas deixam ver um pressentimento do próprio Espírito que se espelha em si mesmo.

Todas as pessoas mostram uma personalidade, quando sua individualidade é muito outra.

A personalidade forma-se pela imposição do meio, da sociedade, e se revela por essas mesmas circunstâncias impostas pelos princípios morais e de educação, refreada pelos fundamentos tradicionais e pelos princípios religiosos.

Trata-se bem “Fulano” pelo fato de ser ele rico, embora se saiba que o seu ouro foi acumulado à custa do sacrifício de órfãos, de viúvas e de infelizes que vivem a carpir miséria e fome, porque foram roubados.

Frequenta-se tal ou tal sociedade, porque o meio, a posição, as relações de família o impõem, mesmo sabendo-se que aquela sociedade aberra (afasta-se) de todos os princípios capazes de a elevarem no conceito verdadeiro dos seus próprios dirigentes!

A personalidade é falsa, é mentirosa, é exteriorização que se valoriza pelo que mostra à vista material, tanto mais conceituada quanto maior a riqueza material exposta.

A personalidade é momentânea, valendo pelo tempo em que se vive na matéria; é ilusória, pode-se dizer relativa ao tempo, pois que ela passa e desaparece, perdendo-se na penumbra dos anos e dos séculos, que nada representam ante a Eternidade!

A individualidade — essa, sim, é natural, não passa, não desaparece, e é a que se revela por si mesma, sem a necessidade do disfarce e da hipocrisia, pois os sentimentos nela dormitam durante séculos, por vezes, e, por vezes, também se revelam tão potentes, tão poderosos que força alguma os detém.

Se à personalidade agradam a hipocrisia e a desfaçatez, a individualidade contra elas se revolta.

A primeira adapta-se ao meio; a segunda, contra ele se insurge, quando não integrada ou preparada para esse próprio meio.

Uma acovarda-se; outra desperta e se revela pela coragem.

Uma procura ocultar os maus atos e as más ações; à outra pouco importa revelá-los, sempre disposta a arrostar (defrontar-se sem medo ) com as suas consequências.

Quantas e quantas exteriorizações que a individualidade revela, e são catalogadas no rol de loucuras!

Loucura, sim, aos olhos e para o entendimento da Humanidade materializada!

Não passam, isso sim, de revelações dos verdadeiros sentimentos da individualidade, sentimentos bons ou maus que nela dormitavam e despertaram aproveitando-se das circunstâncias propícias.

Segrega-se um cocainômano (quem tem o vício de consumir cocaína).

Dias, meses, anos, sem que lhe seja possível lançar mão do entorpecente, para a satisfação do seu vício.

Que acontece?

Chega ele a ponto de se considerar curado, pois é o primeiro a manifestar o horror e a vergonha pelo vício e pelas suas consequências!

Solto, na primeira oportunidade que se lhe oferece, recai no mesmo erro.

Diz a Medicina oficial: "Suas células cerebrais, seu organismo, ainda não estavam completamente desintoxicados e se ressentiam da falta do entorpecente..."

Suponhamos que seja verdade. Suponhamos, também, um jogador.

Noites e noites acompanhando, avidamente, os azares da sorte, seguindo as cartas no pano verde, onde consome as suas economias e pelo qual pratica desfalques, vê a honra posta em jogo e pouco se preocupa com a família abandonada.

Segreguemos essa pessoa.

Em muito menos tempo, reconhece o erro em que vivia, faz mil protestos de se regenerar!

Solta, na primeira oportunidade que se lhe apresenta, ei-la, de novo, arriscando o que lhe pertence e, na falta deste, o que pertence aos outros.

Seriam, também, as suas células cerebrais, ou os seus órgãos que ainda não estavam desintoxicados?

Sejamos razoáveis!

Os sentimentos e os vícios não são apanágio (atributo) da matéria, da personalidade!

Eles dormitam por vezes séculos, no Espírito; se “mostram” no perispírito, que se vê, assim, intoxicado e se revela nos momentos propícios, mostrando a individualidade.

Se em outras existências ele foi um cocainômano, como foi um jogador, após preparação prévia no mundo espiritual, reencarna com o propósito de se livrar desses vícios.

Sendo eficiente a sua preparação e sinceros os seus propósitos, jamais usará entorpecentes e jamais jogará, embora viva nesse meio (...).

O meio arrasta, a sociedade impõe, a vida material facilita, a hereditariedade predispõe, mas a individualidade também se revela e não deixa de contribuir com uma vastíssima percentagem em todos os domínios da ciência médica, mormente no da Psiquiatria, aumentando o grande número de "casos esquisitos”.

Existem pessoas que, com relativa facilidade, podem ver-se livres dos vícios os mais diversos.

Conselhos, exemplos, tratamentos psicoterápicos, medicamentos são fontes diversas, nas quais vamos buscar os recursos necessários, e onde encontramos sempre os elementos com que podemos auxiliar os que padecem.

Todavia, existem os “casos esquisitos”, para cuja explicação a Ciência oficial tem sido incapaz de apresentar provas fundamentais.

O meio não contribui; a sociedade não impõe; a hereditariedade o contesta e, no entanto, a pessoa é arrastada por forças tão imperiosas, que nada consegue detê-las na descida para o abismo.

É a intoxicação aliada à oportunidade, favorecendo o seu despertar.

Sendo o Espírito o repositório dos sentimentos, das qualidades e dos vícios, só ele mesmo, com domínio próprio, será capaz de se manter na linha traçada para o caminho do bem, alimentando o desejo sincero de se despojar do que o prejudica. (...)

Quando, porém, uma vontade maior impera, temos que buscar a causa em outros setores.

E qual o mais certo?

É a individualidade.” (...)

  “Bem-Aventurados os Pobres Pelo Espírito!”   (Mateus 5, 3)      “ Poucas palavras do Evangelho sofreram, através dos séculos, tão grande...