Caridade e Doutrina Espírita
“Allan Kardec, depois de aprofundar a meditação em torno dos
ensinos dos Espíritos Superiores, que se apoiavam nas claras lições do
Evangelho, concluiu com sabedoria que “Fora da Caridade não há salvação” (ESE:
Cap. 15, item 5), dando início a uma nova concepção religiosa.
É justo, pois, que diante do esfaimado, se aplique a máxima
sublime, dilatando o pão generoso.
Ante o desnudo se alongue a bondade, oferecendo tecido e
agasalho, que lhe guarde a nudez.
Perante o enfermo se agiganta a prodigalidade, ensejando o
remédio refazente.
Encontrado o coração cruciado na dificuldade, se amplie o
curso dos sentimentos e se ofereçam meios que solucionem o problema.
Frente ao que chora, se abra a alma e escute a razão das
lágrimas, doando recursos que as estanquem.
Em face da orfandade em desabrigo, se converta o lar em
reduto que a agasalhe, reverenciando a excelente virtude.
Defrontado pela viuvez ou a miséria vestidas de vergonha, se
abra a bolsa amiga facultando alegrias e reconforto.
Em toda situação do caminho por onde segues, cantando a
melodia do Espiritismo que te renovou a mente e consolou o coração, ajuda,
distendendo a prodigalidade em homenagem ao Anjo Caridade.
Também prescreveu o Codificador do Espiritismo após acuradas
elucubrações: “Fé legítima só o é, a que pode enfrentar a razão face a face, em
todas as épocas da Humanidade” (ESE: Cap. 19, item 7, § 3º).
A Caridade tem regime de urgência, mas também o esclarecimento
ao seu lado tem tarefa prioritária, funcionando como combustível de
sustentação.
Pão ao esfaimado como dever imediato, e luz do ensino
espírita, para que a angústia da fome seja dirimida pelo serviço dignificante.
Tecidos ao corpo entanguido como tarefa inadiável; no
entanto, orientação espírita para agasalhar a alma na esperança, livrando-a, em
definitivo, do frio.
Medicamento ao corpo doente como recurso urgente, todavia, diretriz
espírita para que o espírito compreenda as razões profundas da dor e possa
revitalizar-se.
Socorro ao aflito nos braços do desespero como obrigação
irreversível; mas, roteiro espírita para que o conhecimento o liberte de toda
treva e agitação.
Ouvido atento e auxílio rápido ao sofredor como terapêutica
do momento; e também lições espíritas para que a causa das lágrimas seja
removida e o equilíbrio governe a vida.
Amparo ao órfão, no próprio lar, como lição viva de amor;
porém, conduta espírita diante dele, como linha de segurança para o seu
engrandecimento.
Assistência à mulher viúva e auxílio à miséria como
impositivos de ação cristã; todavia, oferta da Doutrina Espírita a fim de que a
revolução da verdade conceda luz e vida, para que novos enganos sejam evitados,
libertando as mentes das ligações poderosas com o mal.
A caridade para ser legítima não dispensa a fé que lhe
oferece vitalidade; e esta para ser nobre deve firmar-se no discernimento da
razão como normativa salutar.
O Espiritismo, por isso mesmo, é Doutrina de amor; no
entanto, referendado pelos Emissários da Luz, o estudo merece regime de
urgência e consideração especial para que a Doutrina, em si mesma, seja um
sustentáculo à hora da amargura e do desespero, do sofrimento e do desamparo,
capaz de constituir-se fonte preciosa onde o crente, em qualquer época e a todo
instante, encontre a “água viva” a que se referia Jesus, em condições de
dessedentá-lo em definitivo.”
Livro: “Dimensões da Verdade” – Cap. 38.
Psicografia: Divaldo Pereira Franco.
Espírito: Joanna de Ângelis
