Perante a Consciência
“Entre os flagelos íntimos que vergastam o ser humano,
produzindo inomináveis aflições, a consciência de culpa ganha destaque.
Insidiosamente instala-se e, qual ácido destruidor, corrói
as engrenagens da emoção, facultando a irrupção de conflitos que enlouquecem.
Decorrente da insegurança psicológica no julgamento das
próprias ações, abre um abismo entre o que se faz e o que se não deveria haver
feito, supliciando, com crueza, aquele que lhe sofre a pertinaz perseguição.
Considerando a própria fragilidade, o indivíduo se permite
comportamentos incorretos que lhe agradam às sensações para, logo cessadas,
entregar-se ao arrependimento autopunitivo, com o qual pretende corrigir a
insensatez. De imediato, assoma-lhe a consciência de culpa, que o perturba.
Perversamente, ela pune o infrator perante si mesmo, porém
não altera o rumo da ação desencadeada, nem corrige aquele a quem fere. Ao
contrário, não obstante cobradora inclemente, desenvolve mecanismos
inconscientes de novos anseios, repetidas práticas e sempre mais rigorosa
punição...
Atavismo de comportamentos religiosos, morais e sociais
hipócritas, que não hesitavam em fazer um tipo de recomendação com diferente
ação, deve ser eliminada com rigor e imediatamente.
O que fizeste não mais podes impedir ou evitar.
Disparado o dardo, ele segue o rumo.
Avaliza, desse modo, seus efeitos e repara-os, quando
negativos.
Se a tua foi uma ação reprochável, corrige-a, logo possas,
mediante novas atividades reparadoras.
Se resultou em conflito pessoal a tua atitude, que não
corresponde ao que crês, como és, treina o equilíbrio e põe-te em vigília.
Fraco é todo aquele que assim se considera, não
desenvolvendo o esforço para fortalecer-se.
Quando justificas o teu erro com autoflagelação reparadora,
logo mais retornarás a ele.
Propõe-te encarar a existência conforme é e as
circunstâncias se te apresentam.
Erradica da mente as ideias que consideras impróprias,
prejudiciais, conflitivas. Substitui-as vigorosamente por outras saudáveis,
equilibradas, dignificantes. Quando não dispões de um acervo de pensamentos
superiores para a reflexão, vais colhido pelos de caráter venal, pueris,
perniciosos, que se te fazem familiares, impulsionando-te à ação
correspondente.
Toda realização inicia-se na mente. Desenhada no plano
mental, vem materializar-se ao primeiro ensejo.
Pensa, portanto, com correção, liberando-te das ideias que
te gerarão consciência de culpa.
Sempre que errares, recomeça com o entusiasmo inicial. A
dignidade, a harmonia, o equilíbrio entre a consciência e a conduta têm um
preço: a perseverança no dever. Se, todavia, tiveres dificuldade em agir
corretamente, em razão da atitude viciosa encontrar-se arraigada em ti, recorre
à oração com sinceridade, e a Consciência Divina te erguerá à paz.”
Livro: Momentos de Saúde e de Consciência - Cap. 9.
Autor: Divaldo Fanco/ Joanna de Ângelis.
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