sexta-feira, 21 de outubro de 2022

 

Admoestações de Jesus.  (extrato)

“A história humana vai demonstrar que a mensagem renovadora e libertadora do Cristo foi alvo de modificações inapropriadas e bem à guisa dos interesses em eleger, pela religião, a supremacia sobre o pensamento humano, tomando por base uma doutrina que tinha nascedouro no Deus dos Exércitos, no Deus cruel, e mantendo-a como primeira parte de um Evangelho construído sob essa expectativa de dogmas antigos, com a junção de dogmas novos que passariam a surgir.

Esse comportamento ensejou incontáveis divisões entre os fiéis ao tempo do Mestre e principalmente depois dele. Contudo, Jesus já sabia que isto aconteceria, tanto sabia que deixou claro à Humanidade o que os seus ensinamentos provocariam. (...)

Os Evangelhos muitas vezes mostram Jesus falando duro, de forma firme com os fariseus (Mateus 23, 13: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas”...), mas o seu discurso é ou amigável ou reflexo de uma discordância com a escola mais rigorosa de Shammai (Shammai e Hillel (avô de Gamaliel, que era mais liberal – mestre de Saulo de Tarso) foram dois dos maiores sábios, Rabinos judeus, cujas discussões sobre a Lei Judaica resultaram na criação de duas escolas de pensamento: a escola de Shammai – que era mais rígida quanto às Leis da Torá e a escola de Hillel – que era, geralmente, mais leniente, suave.) Nesse passo há que se compreender como natural que o Mestre fizesse duras admoestações. (...)

Sua obra (obra de Jesus) foi de construção e ou reconstrução sagrada a conduzir a alma humana de maneira sadia e progressiva, na senda da evolução luminosa traçada a todos pelo Criador.

Entretanto, passados quase 20 séculos, o tempo demonstrou as enormes dificuldades que os ensinos do Mestre Galileu enfrentaram e têm enfrentado, eis que inegavelmente foi alvo de aviltamentos e adulterações, principalmente no que havia de mais belo: a simplicidade e a pureza, tendo recebido o aporte (acréscimo) indesejável de dogmas obscuros, de sistemas mecânicos e frios, de interesses mesquinhos, provocando na criatura humana o assalto da dúvida. (...) 

Muito embora os homens tenham recitado e recitem, por incontáveis vezes, as máximas do Evangelho do Cristo, ao longo dos séculos já mencionados, esse recital não tem conseguido satisfazer a sede do seu próprio "interior”, pois que entoado sem a presença do sentimento altruísta e sem a prática da humildade, que verdadeiramente exalta, e, como dirá Léon Denis: "O homem esqueceu ao mesmo tempo o caminho dos templos e dos pórticos da sabedoria” (Cristianismo e Espiritismo - Introdução) ao que acrescentaríamos que os homens de ontem e de hoje, na sua maioria, perderam o endereço de Deus.

É tempo de procurar e reencontrar esse caminho, para o que precisamos todos de seguras respostas às dúvidas do coração, notadamente buscando desvendar passo a passo os mistérios sondáveis da Imortalidade, cultivando na alma a certeza da perenidade da vida espiritual e do giro incansável do Espírito pelos mundos que guarnecem o Universo, sob os auspícios da reencarnação, lei das vidas sucessivas que se agrega ao conjunto das Leis Divinas e Naturais que emanam de Deus.” (...)

 

Reflexões Atuais sobre as Admoestações de Jesus.


“Diante da gravidade das admoestações do Mestre Nazareno, se torna preciosa a oportunidade de reflexionar sobre nossa vida atual, sob os ecos dessas admoestações e de outras que entendermos também seguirem o mesmo sentido enérgico de orientação, em nossas existências, razão pela qual é importante indagarmo-nos: Existe algo de errado com a linha de conduta que estou seguindo nesta reencarnação? Existe alguém com quem eu tenha nutrido e ainda nutro desentendimentos? Alimento raiva, ódio ou desprezo por alguém? Há alguém a quem eu deva pedir perdão?

Pode ser que ainda estejamos obliterados pelo orgulho e cogitemos nos esconder no manto das pseudovirtudes. Se for o caso, esforcemo-nos por rasgar imediatamente esse manto. Expulsemos a qualquer custo esses sentimentos negativos de nossa mente.

Mas como fazer isto? Como nos devemos comportar para que as admoestações façam morada em nossa mente e coração e possam impelir-nos para o crescimento espiritual?

Não há fórmulas prontas, entretanto, para isto, o que é certo é que não devemos perder tempo lamentando e chorando as adversidades, eis que próprias do processo de crescimento evolutivo do Espírito que colide muitas vezes com a Lei Divina.

Será sempre preciso romper com os hábitos infelizes que porventura ainda cultivemos, que encontram escora nas formas-pensamento negativas, que contrariam a normalidade da vida trazendo com eles a projeção do egocentrismo, a manifestação do orgulho e do egoísmo que de forma sutil proporcionam dificuldades em nosso processo de mudança moral para melhor. Nossos pensamentos fluem ininterruptamente e somente a vigilância incessante pode acompanhá-los. Por esta razão, muitas pessoas não logram êxito na boa vigilância. Se esforçam por rechaçar os maus pensamentos, os maus pendores, mas não conseguem modificar para melhor os aspectos da sua vida, e por isso desanimam, se adornam de culpa, de mágoa, de descoroçoamento (desânimo) e caminham na direção da cumulação de problemas para a alma, o que constitui grave erro.

Imperativo que nos livremos das más inclinações, cujos efeitos envenenam a existência, buscando a escora inamovível da oração e dos propósitos de bem servir a todos, pois é da lei divina, e o Alcandorado (Sublime) Messias já ensinava que sempre acabaremos recebendo o mesmo tratamento que ofertamos aos outros (Romanos 2, 6; Gálatas 6, 7), de modo que, se libertarmos os outros de nossa condenação, nos livraremos, também, no mínimo, da autocondenação.

Para cultivarmos as circunstâncias da vida que nos tragam paz, harmonia e a felicidade possível, precisamos sintonizar o pensamento nas virtudes-sentimentos que a vivência do bem, portanto do amor, proporciona adquirir. Assim, se pretendemos ter saúde, é preciso não apenas idealizar um corpo saudável, mas sim, pensar na alegria de servir ao próximo, na prática permanente do amor, no equilíbrio espiritual.

Quando despertarmos para o conhecimento dessas e de outras verdades, começaremos a cultivar constantemente pensamentos harmoniosos em nossas vidas. Por evidente que o princípio não é complicado. É até mesmo simples. O desafio será sempre colocá-lo em prática.

É imprescindível rearranjarmos a vida, erguendo-nos dos sofrimentos e seguindo adiante, sempre, pois o que passou, passou; procurarmos transformar todos os dias em oportunidades de esplêndidas e maravilhosas realizações; não cultivarmos reminiscências incômodas do passado, nem remorsos, nem desejo de vingança, nem mágoa.

Para que possamos mergulhar no Amor Divino, a fim de atingirmos esses objetivos, ressuma de importância transcendental o conhecimento e a prática do Evangelho de Jesus, passando a entendê-lo, não como um conhecimento a mais trazido à Terra e por cujo conteúdo os que se dizem cristãos, ao longo destes quase dois mil anos, ainda não se entenderam e teimam em desfilar interpretações o mais eruditas possível, mergulhados na frieza que separa e não promove, mas sim, ensinos (conhecimentos), o que nos levará a condições espirituais muito melhores.” (...)

 

Livro: “Os Ângulos do Cristianismo. Admoestações de Jesus e os Ângulos do Espiritismo.

Autor: Francisco Ferraz Batista. – Editora: Fergs.

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