Admoestações de
Jesus. (extrato)
“A história
humana vai demonstrar que a mensagem renovadora e libertadora do Cristo foi
alvo de modificações inapropriadas e bem à guisa dos interesses em eleger, pela
religião, a supremacia sobre o pensamento humano, tomando por base uma doutrina
que tinha nascedouro no Deus dos Exércitos, no Deus cruel, e mantendo-a como
primeira parte de um Evangelho construído sob essa expectativa de dogmas
antigos, com a junção de dogmas novos que passariam a surgir.
Esse
comportamento ensejou incontáveis divisões entre os fiéis ao tempo do Mestre e
principalmente depois dele. Contudo, Jesus já sabia que isto
aconteceria, tanto sabia que deixou claro à Humanidade o que os seus
ensinamentos provocariam. (...)
Os
Evangelhos muitas vezes mostram Jesus falando duro, de forma firme com os
fariseus (Mateus
23, 13: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas”...), mas
o seu discurso é ou amigável ou reflexo de uma discordância
com a escola mais rigorosa de Shammai (Shammai e Hillel (avô de Gamaliel,
que era mais liberal – mestre de Saulo de Tarso) foram dois dos maiores sábios,
Rabinos judeus, cujas discussões sobre a Lei Judaica resultaram na criação de
duas escolas de pensamento: a escola de Shammai – que era mais rígida quanto às Leis da Torá e a escola de Hillel – que era,
geralmente, mais leniente, suave.) Nesse passo há que se compreender
como natural que o Mestre fizesse duras admoestações. (...)
Sua obra (obra
de Jesus) foi de construção e ou reconstrução sagrada a conduzir a alma humana
de maneira sadia e progressiva, na senda da evolução luminosa traçada a todos
pelo Criador.
Entretanto, passados quase 20 séculos, o tempo demonstrou as enormes dificuldades que os ensinos do Mestre Galileu enfrentaram e têm enfrentado, eis que inegavelmente foi alvo de aviltamentos e adulterações, principalmente no que havia de mais belo: a simplicidade e a pureza, tendo recebido o aporte (acréscimo) indesejável de dogmas obscuros, de sistemas mecânicos e frios, de interesses mesquinhos, provocando na criatura humana o assalto da dúvida. (...)
Muito embora os homens tenham recitado e recitem, por incontáveis vezes, as máximas do Evangelho do Cristo, ao longo dos séculos já mencionados, esse recital não tem conseguido satisfazer a sede do seu próprio "interior”, pois que entoado sem a presença do sentimento altruísta e sem a prática da humildade, que verdadeiramente exalta, e, como dirá Léon Denis: "O homem esqueceu ao mesmo tempo o caminho dos templos e dos pórticos da sabedoria” (Cristianismo e Espiritismo - Introdução) ao que acrescentaríamos que os homens de ontem e de hoje, na sua maioria, perderam o endereço de Deus.
É tempo de procurar e reencontrar esse caminho, para o que precisamos todos de seguras respostas às dúvidas do coração, notadamente buscando desvendar passo a passo os mistérios sondáveis da Imortalidade, cultivando na alma a certeza da perenidade da vida espiritual e do giro incansável do Espírito pelos mundos que guarnecem o Universo, sob os auspícios da reencarnação, lei das vidas sucessivas que se agrega ao conjunto das Leis Divinas e Naturais que emanam de Deus.” (...)
Reflexões Atuais sobre as Admoestações de Jesus.
“Diante da gravidade
das admoestações do Mestre Nazareno, se torna preciosa a oportunidade de
reflexionar sobre nossa vida atual, sob os
ecos dessas admoestações e de outras que entendermos também seguirem o mesmo
sentido enérgico de orientação, em nossas existências, razão pela qual é
importante indagarmo-nos: Existe algo de errado com a linha de conduta que
estou seguindo nesta reencarnação? Existe alguém com quem eu tenha nutrido e
ainda nutro desentendimentos? Alimento raiva, ódio ou desprezo por alguém? Há
alguém a quem eu deva pedir perdão?
Pode ser que
ainda estejamos obliterados pelo orgulho e cogitemos nos esconder no manto das
pseudovirtudes. Se for o caso, esforcemo-nos por rasgar imediatamente esse
manto. Expulsemos a qualquer custo esses sentimentos negativos de nossa mente.
Mas como
fazer isto? Como nos devemos comportar para que as admoestações façam morada em
nossa mente e coração e possam impelir-nos para o crescimento espiritual?
Não há fórmulas
prontas,
entretanto, para isto, o que é certo é que não
devemos perder tempo lamentando e chorando as adversidades, eis que
próprias do processo de crescimento evolutivo do Espírito que colide muitas
vezes com a Lei Divina.
Será sempre
preciso romper com os hábitos infelizes que porventura
ainda cultivemos, que encontram escora nas formas-pensamento negativas,
que contrariam a normalidade da vida trazendo com eles a projeção do
egocentrismo, a manifestação do orgulho e do egoísmo que de forma sutil
proporcionam dificuldades em nosso processo de mudança moral para melhor.
Nossos pensamentos fluem ininterruptamente e somente a
vigilância incessante pode acompanhá-los. Por esta razão, muitas pessoas
não logram êxito na boa vigilância. Se esforçam por rechaçar os maus
pensamentos, os maus pendores, mas não conseguem modificar para melhor os
aspectos da sua vida, e por isso desanimam,
se adornam de culpa, de mágoa, de descoroçoamento (desânimo) e caminham na
direção da cumulação de problemas para a alma, o que constitui grave erro.
Imperativo
que nos livremos das más inclinações, cujos efeitos envenenam a existência, buscando a escora inamovível da oração e dos propósitos
de bem servir a todos, pois é da lei divina, e o Alcandorado (Sublime) Messias
já ensinava que sempre acabaremos recebendo o mesmo tratamento que ofertamos
aos outros (Romanos 2, 6; Gálatas 6, 7), de modo que, se libertarmos os outros de nossa
condenação, nos livraremos, também, no mínimo, da autocondenação.
Para cultivarmos as circunstâncias da vida que nos tragam paz, harmonia e a felicidade possível, precisamos sintonizar o pensamento nas virtudes-sentimentos que a vivência do bem, portanto do amor, proporciona adquirir. Assim, se pretendemos ter saúde, é preciso não apenas idealizar um corpo saudável, mas sim, pensar na alegria de servir ao próximo, na prática permanente do amor, no equilíbrio espiritual.
Quando
despertarmos para o conhecimento dessas e de outras verdades, começaremos a
cultivar constantemente pensamentos harmoniosos em nossas vidas. Por evidente
que o princípio não é complicado. É até mesmo simples. O desafio será sempre
colocá-lo em prática.
É
imprescindível rearranjarmos a vida, erguendo-nos dos sofrimentos e seguindo
adiante, sempre, pois o que passou, passou; procurarmos transformar todos os
dias em oportunidades de esplêndidas e maravilhosas realizações; não
cultivarmos reminiscências incômodas do passado, nem remorsos, nem desejo de
vingança, nem mágoa.
Para que
possamos mergulhar no Amor Divino, a fim de atingirmos esses objetivos, ressuma
de importância transcendental o conhecimento e a prática do Evangelho de
Jesus, passando a entendê-lo, não como um conhecimento a mais trazido à
Terra e por cujo conteúdo os que se dizem cristãos, ao longo destes quase dois
mil anos, ainda não se entenderam e teimam em desfilar interpretações o mais
eruditas possível, mergulhados na frieza que separa e não promove, mas
sim, ensinos (conhecimentos), o que nos levará a condições espirituais
muito melhores.” (...)
Livro: “Os Ângulos do Cristianismo.
Admoestações de Jesus e os Ângulos do Espiritismo.
Autor: Francisco Ferraz
Batista. – Editora: Fergs.
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