sexta-feira, 21 de outubro de 2022

 

“O Autovampirismo” e “Aves de Rapina”.  (extrato)

(...) “No vampirismo endógeno (fatores relacionados com os conteúdos físicos e psíquicos do indivíduo – o autovampirismo) temos um quadro mais ou menos semelhante (ao vampirismo realizado por um ser sobre outro), mas a inversão dos fatores desencadeantes exige estímulos mais adequados ao despertar das reações da vítima. (...)

No autovampirismo a vítima de si mesma se “come por dentro, devora e suga as suas entranhas”. (...) É a própria vítima que atrai, então, os vampiros que passam a assediá-la. Forma-se assim o círculo vicioso que leva a vítima à sua autodestruição. (...) O esgotamento desta (da vítima) é controlado pelo envolvimento de outras vítimas. Por isso, o obsedado nazareno respondeu a Jesus, que perguntava pelo seu nome: “Eu me chamo Legião” (Marcos 5, 1 - 9).

Esse terrível processo autofágico (autofagia - palavra de origem grega (auto = eu e fagia = comer) que significa “comer a si mesmo”) se eternizaria num crescendo alucinante, se Jesus não o detivesse com a sua autoridade espiritual. O importante é notar que todos os elementos desse processo vêm do passado, provando tragicamente, aos olhos dos pesquisadores a existência da reencarnação individual e em grupos e a necessidade dos trabalhos mediúnicos de desobsessão. (...) Nas sessões espíritas, formando-se o ambiente mediúnico apropriado, o círculo vicioso é submetido à pressão das correntes de ectoplasma emanado dos médiuns (de que tratou o Dr. Geley) e dos fluxos de pensamentos benéficos e calmantes dos seus participantes. Dessa maneira, e com o auxílio das entidades superiores que atendem aos esforços fraternos das criaturas empenhadas no caso, a voragem negativa se desfaz, cabendo à vítima, dali por diante, não recuar na sua decisão de libertar-se. A sabedoria popular exprime essa situação no conhecido ditado: “Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará”. (O Evang. Segundo o Espiritismo, Cap. 25, Item 1) (...)

Nesses casos, os agentes externos devem ser tratados com mais atenção e contar com a eficácia da autoridade moral a que se referiu Kardec.                   

A condição moral dos doutrinadores é sempre importante, mas no caso do vampirismo endógeno (autovampirismo) seu papel é mais importante. Essa autoridade moral não pode, entretanto, ser medida pelas aparências. Suas medidas são de ordem consciencial. O comportamento externo de uma pessoa alegre, brincalhona, leva os moralistas carrancudos a considerá-la como leviana, o que não passa de um julgamento apressado.  A autoridade moral de Kardec decorre das intenções, dos sentimentos fraternos, do senso de justiça e bondade e do sentimento de amor e respeito pelos semelhantes que a pessoa demonstra. Quando os obsessores começam a ceder, temos de tomar cuidado com as ciladas da astúcia, aumentando a nossa confiança nos Espíritos Protetores e na essência espiritual do homem. Com esses elementos íntimos reforçamos a nossa posição, ajudando a vítima em sua recuperação. (...)

Temos ainda muito trabalho a enfrentar neste pequeno planeta que aviltamos (rebaixamos) ao invés de elevá-lo. E só pelo trabalho e a abnegação poderemos um dia merecer a nossa transferência para os mundos em que a Humanidade é realmente humana.

Basta olharmos de relance o noticiário dos jornais para vermos o que se passa em nosso mundo. Seremos tão tardos (lentos) de raciocínio para não entendermos que somos os responsáveis por todas as calamidades que assolam o planeta? O vampirismo nasceu e vive das nossas entranhas e das nossas mãos. No gigantesco processo da evolução dos milhões de seres que passaram pela Terra e ainda continuam passando, ao nosso lado, o papel que exercemos foi sempre o de vampiros. Os Espíritos que não mancharam suas mãos no “crime de Caim”, há muito que deixaram o nosso mundo de provas e expiações.”

 

Livro: Vampirismo – Autor: José Herculano Pires.

Editora: Paideia.

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