“O Autovampirismo” e “Aves de Rapina”. (extrato)
(...)
“No vampirismo endógeno (fatores relacionados
com os conteúdos físicos e psíquicos do indivíduo – o autovampirismo)
temos um quadro mais ou menos semelhante (ao vampirismo realizado por um ser
sobre outro), mas a inversão dos fatores desencadeantes exige estímulos mais
adequados ao despertar das reações da vítima. (...)
No
autovampirismo a vítima de si mesma se “come por dentro, devora e suga as
suas entranhas”. (...) É a própria vítima que
atrai, então, os vampiros que passam a assediá-la. Forma-se assim o
círculo vicioso que leva a vítima à sua autodestruição. (...) O esgotamento desta
(da vítima) é controlado pelo envolvimento de outras vítimas. Por isso, o
obsedado nazareno respondeu a Jesus, que perguntava pelo seu nome: “Eu
me chamo Legião” (Marcos 5, 1 - 9).
Esse
terrível processo autofágico (autofagia
- palavra de origem grega (auto = eu e fagia = comer) que significa “comer a si
mesmo”) se eternizaria num crescendo alucinante, se Jesus não
o detivesse com a sua autoridade espiritual. O importante é notar que
todos os elementos desse processo vêm do passado, provando tragicamente,
aos olhos dos pesquisadores a existência da reencarnação individual e em
grupos e a necessidade dos trabalhos mediúnicos de desobsessão. (...) Nas
sessões espíritas, formando-se o ambiente mediúnico apropriado, o círculo
vicioso é submetido à pressão das correntes de ectoplasma emanado dos
médiuns (de que tratou o Dr. Geley) e dos fluxos de pensamentos benéficos e
calmantes dos seus participantes. Dessa maneira, e com o auxílio das entidades
superiores que atendem aos esforços fraternos das criaturas empenhadas no caso,
a voragem negativa se desfaz, cabendo à vítima, dali por diante, não recuar na sua decisão de libertar-se. A
sabedoria popular exprime essa situação no conhecido ditado: “Ajuda-te a
ti mesmo, que o Céu te ajudará”. (O Evang.
Segundo o Espiritismo, Cap. 25, Item 1) (...)
Nesses casos, os agentes externos devem ser tratados com mais atenção e contar com a eficácia da autoridade moral a que se referiu Kardec.
A condição moral dos
doutrinadores é sempre importante, mas no caso do vampirismo endógeno
(autovampirismo) seu papel é mais importante. Essa autoridade
moral não pode, entretanto, ser medida pelas aparências. Suas medidas
são de ordem consciencial. O comportamento
externo de uma pessoa alegre, brincalhona, leva os moralistas carrancudos a
considerá-la como leviana, o que não passa de um julgamento apressado. A autoridade moral de Kardec decorre
das intenções, dos sentimentos fraternos, do senso de justiça e bondade e do
sentimento de amor e respeito pelos semelhantes que a pessoa demonstra. Quando
os obsessores começam a ceder, temos de tomar cuidado com as ciladas da
astúcia, aumentando a nossa confiança nos Espíritos Protetores e na essência
espiritual do homem. Com esses elementos íntimos reforçamos a nossa
posição, ajudando a vítima em sua recuperação. (...)
Temos
ainda muito trabalho a enfrentar neste pequeno planeta que aviltamos
(rebaixamos) ao invés de elevá-lo. E só pelo trabalho e a abnegação
poderemos um dia merecer a nossa transferência para os mundos em que a
Humanidade é realmente humana.
Basta
olharmos de relance o noticiário dos jornais para vermos o que se passa em
nosso mundo. Seremos tão tardos (lentos) de raciocínio para não entendermos que
somos os responsáveis por todas as calamidades que assolam o planeta? O
vampirismo nasceu e vive das nossas entranhas e das nossas mãos. No gigantesco
processo da evolução dos milhões de seres que passaram pela Terra e ainda continuam
passando, ao nosso lado, o papel que exercemos foi sempre o de vampiros.
Os Espíritos que não mancharam suas mãos no “crime de Caim”, há muito que deixaram
o nosso mundo de provas e expiações.”
Livro:
Vampirismo – Autor: José Herculano Pires.
Editora:
Paideia.
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